Páginas

Translate

22 de jun. de 2013

ENTRE A CRUZ E A ESPADA

--Sr. marqueteiro, faça meu discurso parecer belo, sincero e, principalmente, convincente!
--Deixa comigo Ilma. Presidente. Isso é coisa do meu ofício!
--Sr maquiador, vê se não exagera, mas tira essas olheiras, essa noite tenho que ter um semblante tranquilo, entendeu?


LUZES, AÇÃO... FILMANDO...
--Boa noite, brasileiros e brasileiras...
Muda a mesa um pouco mais pro lado direito, tem que pegar o lambril inteiro! E põe o texto no lugar, ela tem que ler de frente, como se estivesse olhando pro telespectador!
LUZES, CÂMERA... FILMANDO...
--Boa noite, brasileiros e brasileiras... (...)Clap, clap, clap! Ficou perfeito Ilma. Presidente, vai ser um sucesso e tranquilizará o povo como deseja.
Sem olheiras, mas com a espontaneidade de uma gravura de porcelana de um livro, fez a parte alta do pronunciamento, no seu inicial Boa Noite, como disse um amigo.
Falou que o investimento dos estádios para a Copa foi só um empréstimo aos Estados, que jamais tiraria do orçamento (Os Estados vão receber dos patrocinadores e devolver à União - ainda que façam isso, que duvido, como duvidam todos os brasileiros, pagariam juros tão pequenos, que só isso já seria uma oneração à União).
100% do quê mesmo vai para a Educação, Ilma. Presidente? Ah, sim, dos royalties (que o marqueteiro achou dispensável dizer por ser complicado o povo entender, e também não explicou que isso tem que ser aprovado no Congresso e só vai funcionar, se tudo der certo, lá por 2020)
Tratar bem os estrangeiros que vierem ver a COPA? Ora, pra que isso Ilma. Presidente? Sempre tratamos bem os estrangeiros, geralmente são roubados sem violência, um caso ou outro isolado é que são recebidos à bala. Tratamos eles como o mesmo carinho que tratamos nossos semelhantes. O mundo todo sabe disso.
Vai agora conversar com os governadores, com os jovens líderes da encrenca, ouvi-los? Estudar mudanças profundas aqui e ali, e a Reforma Política mais que necessária (toda crise falam isso, depois se apaga do vocabulário)?
Diante das manifestações no país todo, pega de surpresa, deve ter se sentido de saia justa e salto-alto pra subir num palanque, claro. Ser Presidente de um país com tanta roubalheira e injustiça não é mesmo fácil.
Entre a cruz e a espada, ouvindo seus pares no silêncio de uma semana, imagina-se a indignação, pra não dizer incompreensão de todos diante desse inusitado e desconhecido. Foi estranho, sim, seu silêncio.
Mas o que seu marqueteiro (que deve nos considerar imbecis) escreveu, foi muito pior, trouxe à tona a dimensão da incompetência que os envolve.

Nem a paixão pelo dinheiro poderia explicar. Somos todos descendentes do macaco. Yes, we are! Mas não da mesma espécie. Foi daquele símio que tapeou seus irmãos, com sua biologia particularíssima, que descendem a maioria dos nossos políticos, não tem outra explicação.















4 comentários:

  1. Prezado Paulo, sua crônica é de um sarcasmo invejável e justificável.
    Embora descendemos dos macacos, evoluímos o suficiente para não aceitar e discernir que tudo está ruim no que tange o PT enquanto governo,pois ainda não perdemos nossos instintos primários e sensitivos pra ver que o discurso da presidenta não foi convincente e muito menos honesto. Só falácias dela. Gostei muito de tudo que escreveu, mas confesso que me diverti, embora o assunto seja sério muito relevante.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas não é rindo que se vê mais longe? Não é com humor que é mais fácil de se levar a vida? Nós todos sentimos que o discurso não foi mesmo honesto, Com toda a aceitação que dizem as pesquisas, a equipe da presidente, partido, coligações, se perderam.

      Excluir
  2. Uma coisa é certa, alias: certíssima.
    Como sempre, ninguém esta entendendo nada de coisa alguma nesta nossa amada e idolatrada, salve, salve pátria...
    E essa certeza de que não estamos entendendo, não estamos nos fazendo entender, ninguém entende ninguém e ninguém tem a minima ideia de qual seja a ordem natural das coisas ou qual a prioridade a ser atendida, sem dúvida, e sem dívida é uma certeza, de que somos tão iguais aos cães a gatos que levantam daqui, andam até ali e deitam ali, suspiram, peidam, coçam parecem desfalecer, dai quando você acha que aquilo é o que buscavam, levantam voltam para onde estavam e despencam feito garota adolescente ao ver o Justin Bieber. Se você olhar a rotina de um cão ou gato e a rotina do Brasil, vai ver que somos todos uns bichinhos incertos.

    ResponderExcluir
  3. Caramba, Vitorio! Tá virando especialista em vida animal...

    ResponderExcluir