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26 de out. de 2013

A CASA DE UM CÃO

Morreu meu cão que se chamava Urso. 

Já faz algum tempo, foi companheiro durante anos. Era louquinho de pedra, saltava mais que o Valéry Brummel e corria mais rápido que qualquer jamaicano. O nome não condizia com sua figura, que exceto pelo branco, nada tinha de urso - eram pequeno, magro, comia pouco, e era confiável. 

Ora, mas o que é um cão? Um quadrúpede que late, orelhudo irracional? Sim, exatamente isso, mas não nada além disso! Cão tem sentimentos - ri, chora, tem raiva, ciúme, amor. 

Haverá quem diga que isso é bobagem, que cão não tem alma -  não digo que sim, nem que não, mas que talvez estes nunca tiveram um cão ou nunca prestaram atenção, ou eu que enxergo coisas estapafúrdias. Mas de uma coisa tenho certeza - um cão nunca trai seu amo.

Urso tinha um teto, pra não dizer uma casinha, que pouco usava, e enquanto teve saúde, fizesse frio, calor, chovesse canivetes, não importava o tempo, nem a hora, ali ao relento, ao lado do portão, sempre me esperando.

Por que ficar de vigília horas a fio sem ter noção de quando seu amo chegaria, se chegaria?


Porque cão liga menos pra sua casinha do que estar ao lado do seu amo. 

Ainda que tenha pensado muito sobre essas coisas e não saiba responder, aprendi a ver que um cão difere do ser humano em tudo. E não só por ter rabo ou patas, mas porque se precisar morder de verdade ele só usa só a boca.

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