A REPÚBLICA DO BRASIL
A REPUBLICA DO BRASIL - http://www.paulovilela.com/a-republica-do-brasil/
Não,
não é uma aula de história sobre a política dos últimos cinquenta
anos, e novidades não têm também, aliás tem uma, sim, que guardei na memória, e que não há registro escrito, que
saiba, em parte alguma. Mas a verdadeira história da república não existe.
Mesmo um historiador atento e
prestimoso vai ter que ler e compilar fragmentos que outros escreveram. E
ninguém que conta seu fragmento, conta tudo, e se conta – fala sobre a brecha
que o permitiu ter do seu tempo, o que vivenciou. Ninguém tem acesso à
somatória das particularidades do todo.
Mais do que os nomes importam as datas.
Começo pelo nosso Juscelino
Kubitschek, o presidente 'bossa nova', que governou o
país até o início de 1960, quando foi eleito Jânio
da Silva Quadros, que sete meses depois
renunciou por conta de 'forças ocultas'.
Os militares não permitiram que seu vice, João
Goulart, assumisse (Jango, como era conhecido, já fôra vice também
de Juscelino, e teve
mais votos do que este).
Em meio a uma crise política sem precedentes, assumiu a
presidência por 14 dias o presidente do Congresso, Raniere
Mazzilli, enquanto se aprovava
uma Emenda à Carta de 46, instaurando
no país o Sistema Parlamentarista (particularíssimo).
Com poderes diminuídos, Goulart assumiu a presidência - tendo como Primeiro-Ministro, por 9 meses, Tancredo
Neves, sucedido por Brochado
da Rocha, (2 meses) e, finalmente, Hermes
Lima, o último (4 meses), até janeiro
de 1963, quando um Referendo Popular determinou o retorno ao Sistema
Presidencialista, que devolveu plenos poderes a Jango, que assim governou por 14 meses.
Tivemos, portanto, 3
Primeiro-Ministros, que não eram bem Primeiro-Ministros como se conhece
nos Regimes Parlamentares, mas por um sistema inventado por um
tal Conselho de Ministros.
Alguém já ouviu falar de Brochado
da Rocha, Hermes Lima?
Em 2 de abril
de 1964 novamente Raniere
Mazzilli assume a Presidência da
República, um dia após o golpe político-militar que depôs João
Goulart, mas o poder, de fato, ficou
com uma Junta autodenominada Comando Supremo da Revolução (Gen.
Arthur da Costa e Silva, Alm. Augusto Gruneward, Brig. Francisco Correia de
Mello).
E tivemos então também um Presidente,
que não era bem um Presidente, mas uma Junta Militar.
Em 15 abril de 1964 a presidência foi
entregue ao considerado 'moderado' Mar. Humberto de Alencar
Castelo Branco, que pressionado no
processo sucessório e a contragosto foi obrigado, em março de 1967,
passar o cargo ao considerado 'linha dura', Gen. Costa e
Silva.
Castelo Branco morreu em seguida, em julho do mesmo ano, num
inusitado acidente aéreo. Visitara a escritora Rachel de
Queiroz, em Quixadá, e, sob um céu azul
esplendoroso, voltava a Fortaleza, quando seu avião foi tocado de leve por um
caça T-33 da FAB, que pousou normalmente após o acidente. O avião do
ex-presidente tinha 7 pessoas e o filho do piloto sobreviveu. Nem o caça, nem o
piloto sofreram grandes arranhões e tudo o que se tem da aeronáutica sobre esse
acidente é inconclusivo e vago.
Costa e Silva governou de março de 1967 a dezembro de
1969
Em 25 agosto de 1969 foi rejeitado pelos militares sua proposta
de derrubar o Ato-Institucional- 5, por ele mesmo criado em 1968, com redação
do ministro da justiça Gama
e Silva.
Aqui tem a novidade que guardei na memória:em 31 de agosto de 1969, cinco dias após a
rejeição do Ato-Institucional- 5, a seleção brasileira de futebol jogou contra
o Paraguai sua última partida das eliminatórias
da Copa de 70 no Maracanã, Rio de Janeiro, obtendo a classificação sob o
comando do Técnico João Saldanha. Foi oficialmente a maior lotação
da história do Maracanã, 183 mil pessoas, e minutos antes de se iniciar a
partida, isso ouvi do próprio Saldanha, ele foi procurado no vestiário por um general, que
lhe pediu que fosse dado um minuto de silêncio pela morte do Gal.
Costa e Silva. Saldanha lhe disse que em
se tratando do Rio de Janeiro não achava uma boa ideia, mas de qualquer forma
era um partida internacional e só quem poderia fazer isso era o árbitro.
Ele
não soube se o árbitro foi procurado, mas não houve o minuto de silêncio.
Em
17 de dezembro de 1969, 4 meses depois, isquêmico, morre
oficialmente Costa e Silva. É de se notar um fato - no mesmo dia
em que a seleção jogou no Maracanã (?), em 31 de Agosto de 1969, tivemos
novamente uma Segunda Junta Militar, denominada Junta
Governativa Provisória de 1969 (sic), composta por três Ministros Militares, que
durou 2 meses, de 31 Agosto a 30 de outubro), quando declaram extinto o mandato
do Presidente Costa e Silva, sendo substituído pelo Gal. Emílio G. Médici.
O país ganha a Copa do Mundo no México, mas Saldanha
é demitido em 17 de março de 1970.
Medici governou até 1974, quando passou o poder
ao Gal. Ernesto Geisel (1974-1979)
Em
22 agosto de 1976, Juscelino viajava de SP ao Rio pela via Dutra, no opala, ano 1970, dirigido
por seu fiel motorista desde os anos 40 quando foi prefeito de BH, sofrendo um
acidente. Segundo o inquérito policial, o carro foi atingido na traseira por um
ônibus desgovernado, atravessou a pista e bateu de frente com uma carreta que
vinha no sentido contrário. Ambos morreram no local. Nunca se concluiu nada
sobre esse acidente.
Em 21 de setembro de 1976 assassinado nos EUA, Orlando Letelier, ex-chanceler do presidente socialista chileno, Salvador
Allende.
Em 6 de dezembro de 1976 morre Jango, de infarto, em Mercedes-Argentina. Suspeitas de
envenenamento nunca foram confirmadas. Não foi feito autópsia a pedido da
família, mas durante todo o exílio no Uruguai suas atividades foram monitoradas
pelos serviços de 'inteligência' dos governos militares. Jango tomava um remédio
francês para o coração e recebeu no hotel que se encontrava em Mercedes uma
partida do remédio. Há suspeitas que foram trocados os comprimidos pela forma
que faleceu. Investigações brasileiras foram barradas pela lei da anistia, mas
investigações argentinas prosseguiram por ter falecido lá.
A morte na mesma época
dessas lideranças civis, que quiçá estariam se aflorando, nas versões oficiais não foi associada aos governos
militares latino-americanos.
Gal. João Figueiredo foi
presidente de 15 de Março de 1979 a 15 de março 1985.
Seu sucessor, primeiro
presidente civil em 20 anos,Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985 morre em SP, antes de assumir, por infecção
hospitalar contraída num hospital em Brasília, depois de um problema de
diverticulite (?).
Paulo Maluf e Aureliano Chaves eram os postulantes à vaga ocupada pelo mineiro.
Detalhes sobre a difícil transição, desavenças na cúpula do exército sobre o
assunto – parte disso foi citado pelo Gal. Newton Cruz em entrevista
no Roda-Viva da TV Cultura SP
O resto - Sarney, Fernando
Collor de Mello; Itamar Franco; duas
vezes FHC ; mais duas vezes Lula, e em Janeiro de 2011, Dilma, que quando escrevi isso ainda não havia sido sucedida pelo seu vice M. Temer em meio ao um confuso e demorado processo de impedimento.
Aqui e agora, onde vivo, dia e noite ouço os trens
passando lotados de soja em direção ao porto de Santos.
Cada um pense o que
quiser. Eu tenho a certeza que a maioria engole sapos, que a verdade dos fatos não é a história oficial, e meu consultor para esses assuntos, o quatro patas Tom está enfermo
pelos carrapatos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário