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19 de out. de 2013

A REPÚBLICA DO BRASIL

A REPUBLICA DO BRASIL - http://www.paulovilela.com/a-republica-do-brasil/


Não, não é uma aula de história sobre a política dos últimos cinquenta anos, e novidades não têm também, aliás tem uma, sim, que guardei na memória, e que não há registro escrito, que saiba, em parte alguma. Mas a verdadeira história da república não existe. 

Mesmo um historiador atento e prestimoso vai ter que ler e compilar fragmentos que outros escreveram. E ninguém que conta seu fragmento, conta tudo, e se conta – fala sobre a brecha que o permitiu ter do seu tempo, o que vivenciou. Ninguém tem acesso à somatória das particularidades do todo.

Mais do que os nomes importam as datas.

Começo pelo nosso Juscelino Kubitschek, o presidente 'bossa nova', que governou o país até o início de 1960, quando foi eleito Jânio da Silva Quadros, que sete meses depois renunciou por conta de 'forças ocultas'.

Os militares não permitiram que seu vice, João Goulart, assumisse (Jango, como era conhecido, já fôra vice também de Juscelino, e teve mais votos do que este).

Em meio a uma crise política sem precedentes, assumiu a presidência por 14 dias o presidente do Congresso, Raniere Mazzilli,  enquanto se aprovava uma Emenda à Carta de 46, instaurando no país o Sistema Parlamentarista (particularíssimo).

Com poderes diminuídos, Goulart assumiu a presidência - tendo como Primeiro-Ministro, por 9 meses, Tancredo Neves,  sucedido por Brochado da Rocha, (2 meses) e, finalmente, Hermes Lima, o último (4 meses), até janeiro de 1963, quando um Referendo Popular determinou o retorno ao Sistema Presidencialista, que devolveu plenos poderes a Jango, que assim governou por 14 meses.

Tivemos, portanto, 3 Primeiro-Ministros, que não eram bem Primeiro-Ministros como se conhece nos Regimes Parlamentares, mas por um sistema inventado por um tal Conselho de Ministros. 

Alguém já ouviu falar de Brochado da Rocha, Hermes Lima?

Em 2 de abril de 1964 novamente Raniere Mazzilli assume a Presidência da República, um dia após o golpe político-militar que depôs João Goulart, mas o poder, de fato, ficou com uma Junta autodenominada Comando Supremo da Revolução (Gen. Arthur da Costa e Silva, Alm. Augusto Gruneward, Brig. Francisco Correia de Mello).

E tivemos então também um Presidente, que não era bem um Presidente, mas uma Junta Militar.

Em 15 abril de 1964 a presidência foi entregue ao considerado 'moderado' Mar. Humberto de Alencar Castelo Branco, que pressionado no processo sucessório e a contragosto foi obrigado, em março de 1967, passar o cargo ao considerado 'linha dura', Gen. Costa e Silva.

Castelo Branco morreu em seguida, em julho do mesmo ano, num inusitado acidente aéreo. Visitara a escritora Rachel de Queiroz, em Quixadá, e, sob um céu azul esplendoroso, voltava a Fortaleza, quando seu avião foi tocado de leve por um caça T-33 da FAB, que pousou normalmente após o acidente. O avião do ex-presidente tinha 7 pessoas e o filho do piloto sobreviveu. Nem o caça, nem o piloto sofreram grandes arranhões e tudo o que se tem da aeronáutica sobre esse acidente é inconclusivo e vago.

Costa e Silva governou de março de 1967 a dezembro de 1969

Em 25 agosto de 1969 foi rejeitado pelos militares sua proposta de derrubar o Ato-Institucional- 5,  por ele mesmo criado em 1968, com redação do ministro da justiça Gama e Silva.

Aqui tem a novidade que guardei na memória:em 31 de agosto de 1969, cinco dias após a rejeição do Ato-Institucional- 5, a seleção brasileira de futebol jogou contra o Paraguai sua última partida das eliminatórias da Copa de 70 no Maracanã, Rio de Janeiro, obtendo a classificação sob o comando do Técnico João Saldanha. Foi oficialmente a maior lotação da história do Maracanã, 183 mil pessoas, e minutos antes de se iniciar a partida, isso ouvi do próprio Saldanha, ele foi procurado no vestiário por um general, que  lhe pediu que fosse dado um minuto de silêncio pela morte do Gal. Costa e Silva. Saldanha lhe disse que em se tratando do Rio de Janeiro não achava uma boa ideia, mas de qualquer forma era um partida internacional e só quem poderia fazer isso era o árbitro.  

Ele não soube se o árbitro foi procurado, mas não houve o minuto de silêncio.

Em 17 de dezembro de 1969, 4 meses depois, isquêmico, morre oficialmente Costa e Silva. É de se notar um fato - no mesmo dia em que a seleção jogou no Maracanã (?), em 31 de Agosto de 1969, tivemos novamente uma Segunda Junta Militar, denominada Junta Governativa Provisória de 1969 (sic), composta por três Ministros Militares, que durou 2 meses, de 31 Agosto a 30 de outubro), quando declaram extinto o mandato do Presidente Costa e Silva, sendo substituído pelo Gal. Emílio G. Médici.

O país ganha a Copa do Mundo no México, mas Saldanha é demitido em 17 de março de 1970.

Medici governou até 1974, quando passou o poder ao Gal. Ernesto Geisel  (1974-1979)

Em 22 agosto de 1976, Juscelino viajava de SP ao Rio pela via Dutra, no opala, ano 1970, dirigido por seu fiel motorista desde os anos 40 quando foi prefeito de BH, sofrendo um acidente. Segundo o inquérito policial, o carro foi atingido na traseira por um ônibus desgovernado, atravessou a pista e bateu de frente com uma carreta que vinha no sentido contrário. Ambos morreram no local. Nunca se concluiu nada sobre esse acidente.

Em 21 de setembro de 1976  assassinado nos EUA, Orlando Letelier, ex-chanceler do presidente socialista chileno, Salvador Allende.

Em 6 de dezembro de 1976 morre Jango, de infarto, em Mercedes-Argentina. Suspeitas de envenenamento nunca foram confirmadas. Não foi feito autópsia a pedido da família, mas durante todo o exílio no Uruguai suas atividades foram monitoradas pelos serviços de 'inteligência' dos governos militares. Jango tomava um remédio francês para o coração e recebeu no hotel que se encontrava em Mercedes uma partida do remédio. Há suspeitas que foram trocados os comprimidos pela forma que faleceu. Investigações brasileiras foram barradas pela lei da anistia, mas investigações argentinas prosseguiram por ter falecido lá.

A morte na mesma época dessas lideranças civis, que quiçá estariam se aflorando, nas versões oficiais não foi associada aos governos militares latino-americanos.

Gal. João Figueiredo foi presidente de 15 de Março de 1979 a 15 de março 1985.

Seu sucessor, primeiro presidente civil em 20 anos,Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985  morre em SP, antes de assumir, por infecção hospitalar contraída num hospital em Brasília, depois de um problema de diverticulite (?).

Paulo Maluf e Aureliano Chaves eram os postulantes à vaga ocupada pelo mineiro. 

Detalhes sobre a difícil transição, desavenças na cúpula do exército sobre o assunto – parte disso foi citado pelo Gal. Newton Cruz em  entrevista no Roda-Viva da TV Cultura SP

O resto -  Sarney, Fernando Collor de Mello; Itamar Franco; duas vezes FHC ; mais duas vezes Lula, e em Janeiro de 2011,  Dilma, que quando escrevi isso ainda não havia sido sucedida pelo seu vice M. Temer em meio ao um confuso e demorado processo de impedimento.

Aqui e agora, onde vivo, dia e noite ouço os trens passando lotados de soja em direção ao porto de Santos. 

Cada um pense o que quiser. Eu tenho a certeza que a maioria engole sapos, que a verdade dos fatos não é a história oficial, e meu consultor para esses assuntos, o quatro patas Tom está enfermo pelos carrapatos.

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