Páginas

Translate

9 de fev. de 2014

Norma dos anjos

Idi Amim Dada ainda falava com crocodilos, Stalin já não era mais matéria (sic) e Brejnev fazia incursões pouco disfarçadas em alguns países da América Latina. No espaço travava-se a guerra das estrelas, e aqui na Terra, caçavam-se bruxas…Mas quem foi Norma? Mulher, homem, bicho, anjo?Ela veio à luz pela paúra! Nasceu de uma reunião de doidos em 1967, e deformada pelos preconceitos nem aos dezoito chegou. Feia, má, mas coitada nunca foi, e teve um poder incomensurável.Alma não tinha, e na primeira infância foi severa e cruel – perseguiu e humilhou os que pensavam diferente dela. Já na adolescência perdeu a gana, e doente já não assustava tanto.Não chegou a fase adulta. Desgastada com as mudanças não viu mais sentido em muita coisa, e lentamente se afastou sem deixar saudades, talvez tenha deixado a uma minoria.Mas como ninguém é só mau ou bom na sua totalidade, Norma teve seus méritos também - muito séria no que fazia, apesar do discurso burocrático, preconceituoso e chato, tinha seu quê maternal – odiava os que comiam criancinhas, e a estes não perdoou: surrou-os e os manteve de castigo por longa data.Mas seu maior mérito não foi pela insensatez, puxões de orelha ou confinamentos, que impôs aos que não a agradavam, mas por algum surpreendente ensinamento que recebeu seus desafetos. È fato que alguns morreram, mas também é que a maioria saiu tão sabida, que o mundo se admirou. E ainda que não tenha sido seu objetivo, não houve similar em época ou lugar algum. Das suas escolhas, que teve de tudo - ideólogos, religiosos, estúpidos - nas décadas seguintes estes se sobressaíram ocupando importantes vagas no Parlamento e no Executivo.Quase ninguém ouviu falar em Norma, e ninguém jamais a viu, nem poderia. Norma foi uma sigla, uma máscara, um disfarce de uma sociedade secreta, só uma senha de acesso dos seus criadores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário