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15 de set. de 2014

Jean de Florette e a Vingança de Manon

 

filme Claude Berri – 1986


Fiquei muito tempo atrás dessas cópias com qualidade de imagem e tradução. Já assitira há muitos anos este que considero uma das melhores coisas feitas no cinema, gostaria que mais amigos tivessem visto, pena.


Fora da política partidária ou das corporações, humanos ainda são humanos e nem toda maldade passa sem reflexões aos que defendem seus interesses pessoais, ainda que o assunto seja o poder e o dinheiro, se advindo do trabalho braçal de gerações.


Ambientado nos anos 20, numa pequena comunidade rural da Provence, Cesar Soubeyran (Yves Montand), patrono de uma família quase extinta, exceto por Ugolin (Daniel Auteuil), seu sobrinho, que voltou da guerra obstinado em produzir cravos, e que depois de fazer mistério com o tio, mostra sua pequena e maravilhosa plantação. Só que cravos bebem mais água que qualquer outro vegetal, e é necessário água corrente para uma produção numa escala maior.


Numa região sem rios e  que pouco chove, disposto a ajudar o sobrinho, Cesar tenta comprar uma propriedade que tem uma mina soterrada, que o proprietário, um velho ranzinza, que o detesta, desconhece – ao lado do sobrinho a negociação pouco durou, logo partiram para o vis-a-vis e o velho bateu a cabeça numa pedra.


Cesar imagina que ficaria mais fácil a compra, uma vez que os herdeiros da propriedade são moradores da cidade, que nada entendem das agruras do campo. Não impensadamente, ele e Ugolin acompanham com boas vindas a chegada dos novos moradores -  um corcunda, sua mulher e uma menina (Gérard Depardieu, Élisabeth Depardieu, Emmanuelle Béart), que com ideias de livros tentam mudar seus hábitos em troca de uma vida saudável e sustentável.  


Todo o enredo se baseia na luta pela sobrevivência desta família com a falta de água, tendo uma mina na propriedade que desconhecem. Ugolin sofre vendo-os carregar água de longa distância, Cesar mostra também algum tipo de incômodo, mas eles não podem saber ou jamais desistiriam, e o desistir dali era o que desejavam.


Os cravos importavam mais que a penúria da família, não em si, mas porque representavam a possibilidade de Ugolin, que era bem prejudicado, se desenvolver, ter uma família, herdar a fortuna do tio e continuar a saga dos Soubeyran. Na pequena comunidade todos também sabiam da existência desta mina e se calaram, ninguém se metia com a vida dos outros.


Último filme de Montand, que para aprender o sotaque do francês da Provence passou alguns meses lá antes da filmagem. Mais que isso não devo falar. Alguns consideram um tratado sobre a maldade humana, mas não sem arrependimentos.


Na  última cena da Vingança de Manon, depois de quatro horas de projeção, tudo encaixa – e é o horror não como castigo, mas como peça do destino. Ou como castigo se alguém quiser ver assim.


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